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Esta música, na altura era revolucionária. Agora, se voltasse a ser ouvida, era reaccionária!!!
A religião catolica marca o tempo com A.C (antes de Cristo) e D.C (depois de Cristo).
Por vezes a "perdiz não tem haver com a perdigota" mas para mim, e para o assunto que quero abordar, acho que tem: na política. A.C. (antes da conspiração- 24 Abril de 1974) eu era "revolucionária", mas D.C.(depois da conspiração), tornei-me "reaccionária".
Sei que vários factores contribuiram para isso e por isso fui-me "moldando". Antes de A.C. vivia em África e onde me foram incutidos o respeito,a igualdade de oportunidades, convivência pacifica com todos, e até mesmo a liberdade de expressão, fossem brancos, pretos, mestiços, ricos, remediados ou pobres.
Posso só dar 3 exemplos para o demonstrar:
- Já fumava nessa altura, uma marca de cigarros SL. Dizia, quando queria, aonde estivesse, mostrando o maço e depois virando-o, Seremos Livres /75.
- Num domingo, no Clube de Pesca estando eu no bar a beber coca-coca ouvi a meu lado, um preto pedindo uma cerveja. A mesma foi-lhe recusada. Perguntei porquê: menina estes pretos só sabem beber. Pedi uma, paguei e entreguei-lhe.
- Todos os que trabalhavam lá em casa ou na empresa do Pai e se ficavam doentes, iam para a clinica e eram tratados pelos mesmos médicos que nós.
D.C. as meninas (Mãe e irmãs) vieram para Portugal (eu estava a estudar na Rodésia e vim mais tarde). O Pai continuou para ver se o "ambiente" serenava mas sempre pensando em voltarmos todos. Até que um dia, um amigo dele, elemento do MPLA o informou que o Pai iria ser preso por acusações sem fundamento e por isso nessa noite ia dormir com ele no Hotel Continental para logo no dia seguinte lhe arranjar um lugar no 1º avião para Lisboa. Trouxe somente as chaves de casa e deixou um cheque assinado mas em branco ao Xavito (já o descrevi aqui) para o que fosse preciso.
No Verão quente de 75 eu e o Vabenne emigramos para Toulouse: era impossível estudar, era impossível trabalhar, a grande maioria era "facista" para quem não era do PC (pro conspiração).
Regressamos num periodo que começou a acalmar e onde apareceu alguém que me fez acreditar: Sá Carneiro.
Depois e novamente desgastada com as crises politicas acompanhei o Vabenne no convite que teve para ir para Macau.
Ai, tive oportunidade de trabalhar como secretária particular de secretários de estado, dos dois quadrantes políticos(equiparado a ministro em Portugal) numa área em que se "transpirava" política.* Aprendi, vi como ela se "faz", como ela é "vivida", como se "moldam" estratégias, notícias e como se "compra" tanto silêncio, tanto compadrio, tanta farsa. Uma experiência que muito me ensinou mas que me deixou totalmente descrente!!!
E assim continuo.
Por isso é que nunca irei aqui comentar nada relacionado com este tema pois, politica, só acredito na que é praticada em minha casa!
* Parece ironia do destino, mas irei explicar como aconteceu!
2 comentários:
Em Macau respirava-se política, é verdade, mas não seria propriamente da melhor...
Carlos,
Claro que não era e eu tive um "baptizado" em cheio, mas os de lá não estão cá? A escola não é a mesma?!
Beijinho
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