Macau era, para mim, uma incógnita. Em 1987 havia pouca ou quase nenhuma informação deste pequeno território. Sabia a sua história mas não sabia como era viver o dia a dia: alimentação, vestuário, segurança, escolas, etc.
A surpresa foi total, pois havia tudo dentro dos nossos padrões ocidentais. O maior choque foi perceber que nas lojas, nos cabeleireiros, nas ruas, nos táxis, no mercado, não se falava português!!! Ouvia-se cantonês e...inglês e era, nesta língua, que nos comunicávamos com os locais.
Como tinha estado em África, veio-me logo a recordação dos cheiros, das frutas, do clima: tive de imediato a certeza que me ia dar bem e tirar o maior partido de tudo o que me rodeava.
Ao fim de um mês, instalados na pousada de Mon Ha (até isso me fez lembrar África), foi-nos destinado um apartamento no Ed. Holland Garden, no 14º!!! Eu que nunca tinha vivido nas "alturas", foi complicado habituar-me às vertigens. A administração portuguesa disponibilizava o alojamento, equipado com o mobiliário indispensável e com uma mordomia segundo o "estatuto": ou ar condicionado ou ventoinhas!
Ao mesmo tempo que os filhos se iam integrando nos estudos (o João no liceu e a Rita e Afonso no colégio D.Bosco), eu adaptava-me a uma empregada chinesa! Arranjavam-me uma portuguesa mas eu quis uma com quem também aprende-se. Eu tinha um dicionário português/chinês e ela o contrário. Ambas com o seu bloco apontávamos o som que ouvíamos para definir, por exemplo, água, copo, etc. Um tratado!!! Com vontade e entusiasmo tudo se consegue e lá ia eu e a minha querida Lam, orientando a casa. A certa altura até era ela que comandava as "tropas", pois sendo uma mulher de 60 anos tomou-nos como família, tipo parentes de uma terra longuinqua!
Um dia teve que partir para a China para tratar do pai que estava muito doente e o nosso desgosto foi mútuo. Voltei a ter outra chinesa que não resultou e por fim escolhi uma filipina, a Paula. Acho que tanto a Lam como a Paula merecem uma descrição mais detalhada devido às características excepcionais de cada uma. Claro que os meus filhos depressa aprenderam a falar chinês e inglês.
Enquanto me preocupava com a adaptação dos filhotes, que o Vabenne se adaptasse tranquilamente às novas funções, que a funcionalidade da casa rolasse, eu ia aproveitando todo o tempo possível a descobrir as diferenças entre ocidente e oriente.
Eram tantas e como eu andava deslumbrada!
*Vou terminar aqui para "ganhar" folgo.
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