"Jogadores da Selecção ganham dois ordenados mínimos por dia durante
toda a campanha do Mundial. Os pobres jogadores não prescindiram dos
800€ de pernoita.
Compreendo perfeitamente a decisão do grupo de "heróis nacionais"de
não abdicar da pernoita. Afinal de contas como iriam sustentar-se sem
os 800€ por dia da selecção? Iam andar a correr atrás de uma bola só
para representarem um país querem ver... e a seguir íamos pedir-lhes o
quê? Que soubessem cantar o hino? Andamos muito exigentes.
Todos sabemos das dificuldades que esta malta do futebol passa. Há
dias vi um deles na praia a molhar os pés com as chuteiras calçadas.
Tive pena, confesso. Apeteceu-me dar-lhe um abraço e chorar ombro a
ombro como o Mourinho fez com o Materazzi, aquele moço defesa central
que é um poço de ternura e carinho. Uma cena maravilhosa. Quando vi
Mourinho a chorar voltei a acreditar na humanidade. Depois adormeci e
passou-me.
Há quem tenha visto jogadores da Selecção a passear no Colombo cheios
de remelas nos olhos e com aspecto algo subnutrido. Se os virem por lá
ofereçam-lhes um bolo. Pode ser uma pata de veado. Ou os heróis ainda
nos morrem de fominha nas escadas rolantes. Em tempos de crise há que
ser solidário. Ninguém quer que os jogadores acabem por aí a arrumar
carros.
Contas feitas são 19 mil euros por dia e um total de 720 mil euros em
pernoitas no final da festa que a Federação vai gastar com os
prodígios. E tudo por amor ao país. Agora imaginem se fosse por
dinheiro.
Sem contar com os prémios que cada um recebe caso ganhem alguma coisa
para além obviamente dos 800€ dia para a bica, bollycao e meter uma
moeda naquelas máquinas que têm um macaco lá dentro a abanar-se.
Depois se sair um peluche bonito mandam-no à esposa, provavelmente em
executiva ou num jacto privado.
Numa altura em que se pedem sacrifícios de toda a ordem e feitio aos
portugueses, apertos de cinto constantes com reflexo no pescoço de
milhares de pessoas, famílias à beira da bancarrota, completamente
asfixiadas e sem esperança, os jogadores ricos da selecção de um pobre
país não abdicam dos seus 800€ diários para irem passear à África do
Sul. Sim, eu repito: passear. E ainda por cima com tudo pago em regime
de luxo. Ninguém os obriga a ir. Vão antes com os miúdos à Eurodisney.
Alguns deviam pagar para vestir aquela camisola e não o contrário. A
selecção não é um clube de futebol. Isto revolta-me um bocadinho,
provavelmente não será só a mim, mas não faz mal: se estiverem como eu
soprem na Vuvuzela que isso passa.
Tiago Mesquita (www.expresso.pt)"
800€ de pernoita.
Compreendo perfeitamente a decisão do grupo de "heróis nacionais"de
não abdicar da pernoita. Afinal de contas como iriam sustentar-se sem
os 800€ por dia da selecção? Iam andar a correr atrás de uma bola só
para representarem um país querem ver... e a seguir íamos pedir-lhes o
quê? Que soubessem cantar o hino? Andamos muito exigentes.
Todos sabemos das dificuldades que esta malta do futebol passa. Há
dias vi um deles na praia a molhar os pés com as chuteiras calçadas.
Tive pena, confesso. Apeteceu-me dar-lhe um abraço e chorar ombro a
ombro como o Mourinho fez com o Materazzi, aquele moço defesa central
que é um poço de ternura e carinho. Uma cena maravilhosa. Quando vi
Mourinho a chorar voltei a acreditar na humanidade. Depois adormeci e
passou-me.
Há quem tenha visto jogadores da Selecção a passear no Colombo cheios
de remelas nos olhos e com aspecto algo subnutrido. Se os virem por lá
ofereçam-lhes um bolo. Pode ser uma pata de veado. Ou os heróis ainda
nos morrem de fominha nas escadas rolantes. Em tempos de crise há que
ser solidário. Ninguém quer que os jogadores acabem por aí a arrumar
carros.
Contas feitas são 19 mil euros por dia e um total de 720 mil euros em
pernoitas no final da festa que a Federação vai gastar com os
prodígios. E tudo por amor ao país. Agora imaginem se fosse por
dinheiro.
Sem contar com os prémios que cada um recebe caso ganhem alguma coisa
para além obviamente dos 800€ dia para a bica, bollycao e meter uma
moeda naquelas máquinas que têm um macaco lá dentro a abanar-se.
Depois se sair um peluche bonito mandam-no à esposa, provavelmente em
executiva ou num jacto privado.
Numa altura em que se pedem sacrifícios de toda a ordem e feitio aos
portugueses, apertos de cinto constantes com reflexo no pescoço de
milhares de pessoas, famílias à beira da bancarrota, completamente
asfixiadas e sem esperança, os jogadores ricos da selecção de um pobre
país não abdicam dos seus 800€ diários para irem passear à África do
Sul. Sim, eu repito: passear. E ainda por cima com tudo pago em regime
de luxo. Ninguém os obriga a ir. Vão antes com os miúdos à Eurodisney.
Alguns deviam pagar para vestir aquela camisola e não o contrário. A
selecção não é um clube de futebol. Isto revolta-me um bocadinho,
provavelmente não será só a mim, mas não faz mal: se estiverem como eu
soprem na Vuvuzela que isso passa.
Tiago Mesquita (www.expresso.pt)"
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