Hoje (no dia 11.01.87), acordamos cedo e debaixo de um forte nevão. Por volta das 11,00h teríamos que estar no hall do hotel para seguirmos de autocarro para o aeroporto Charles de Gaulle.

O pequeno almoço foi tomado nos quartos pois a excitação das crianças era muita e nada as conseguia segurar! Acho que nem sequer ligaram ao carrinho repleto de doces, sumos de laranja, croissants, diversos queijos, ovos mexidos, etc. Estavam extasiados olhando pela janela e vendo tudo branco e ainda mais branco ia ficando com os "papelinhos" voando do ceu (eles já tinham visto neve, na serra do Gerês, mas nunca assim).

As malas já tinham sido enviadas para o hall e nós prontos para descer. Julgo que ficamos instalados no 10º andar. O elevador foi parando e enchendo-se de pessoas que se cumprimentavam. Chegados ao r/c., começo a juntar os miúdos e... o Afonso(com 3 anos), não se encontrava no mesmo.

Soube o que era o pânico! O hotel com uns corredores enormes, eu sem saber em que andar e porquê ele tinha saído, se teria resolvido correr para nos encontrar, se o teriam raptado porque o miúdo era girissimo e muito comunicativo e o autocarro prestes a partir!

O Vabenne resolveu meter-se novamente no elevador e ir parando em todos os andares até que começou a ouvir a voz do Afonso chamando, aos berros, por nós! Abre-se a porta no 8º andar e lá estava ele agarrado às saias de uma inglesa!

Eu nem queria acreditar quando os vi! A própria segurança do hotel, o pessoal dos quartos tudo procurava pelo Afonso naquele gigante Meridien! Mobilizou-se uma centena de pessoas por um o pirralho que com a pressa de partir saiu , sem darmos por ele, no 1º andar que a porta do elevador se abriu!

Chegados ao aeroporto, já recomposta, e depois dos procedimentos normais, aguardamos na sala de embarque. Tudo estava bem agasalhado, as salas bem aquecidas e o sol brilhava. Claro que já não tirei os olhos dos miúdos mas como ninguém trava o pensamento, ia tentando perceber o passo que estávamos a começar a dar!

Mas teria que passar por mais uma "provação". O voo estava com um atraso de 6 horas! Seis horas metida numa sala super aquecida, com o sol a bater nas vidraças e com 3 crianças super impacientes! O Afonso e a Rita, já exaustos, trepavam por mim acima como macaquinhos: as minhas meias, sapatos, calças, chapeu, carteira não tinham hipótese de resistir a tanta investida!

Lembro-me que cheguei a dizer ao Vabenne: desisto! Embarco no próximo para Portugal.

Ainda bem que não o fiz e pouco depois estavamos sentados para partir rumo a Macau!