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Continuando as minhas conversas com os queridos amigos Teresa Mexia e o Victor Chaby, as memórias não conseguem deixar de surgir com toda a velocidade e alegria!
Ontem surgiu temas para mais uma centena(!) de posts os quais irei pensar se os descrevo na integra pois a malandrice e a maluqueira era tanta...(não me posso esquecer que sou avó!!!).
Hoje irei descrever os fins de semana passados na Reserva de Caça da Kissama, em Cabo Ledo.
A Reserva era enorme mas em África as distâncias não são medidas! Contudo o meu amigo, num comentário que fez, descreve a sua extensão. Aí, na zona de Cabo Ledo, a Petrangol tinha descoberto petróleo. Foram feitas instalações que incluía uma casa de construção colonial que era utilizada pelos administradores (com uma varanda em redor), piscina, um pequeno bar no exterior e até um mini cinema ao ar livre! Estes equipamentos exteriores também eram utilizados por um grupo de tropa que fazia a segurança ao local. A casa, localizada no alto, tinha uma vista magnifica para a extensão de mar e areal a que se tinha acesso por uma ravina.
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Íamos sempre um grupo de amigos: rapazes e raparigas.
A chegada, que normalmente era ao sábado, era passada entre a praia, uma volta de jipe pelos arredores, jogatina de cartas ou monopólio, e à noite cinema.
E aí começava logo uma das nossas "malandrices". O mini-cinema, enchia-se de tropa, que ali se encontrava "isolada" e portanto a chegada das meninas era algo de excitante! Os mais atrevidos e os oficiais "metiam" conversa à qual nós éramos toda ouvidos! Claro que o filme decorria e nem atenção prestávamos pois só sei que "captavamos" logo os mais giros, divertidos e com histórias também interessantes para contar!!!
Já tarde, regressávamos a casa porque a alvorada seria às 4.00horas da manhã, para fazer um safari" visual": elefantes, girafas, leões, etc.
A casa, como disse, era estilo colonial, em madeira, com varanda a todo o correr, janelas grandes com portada em madeira e uma contra portada somente com rede de mosquiteiro, salas e quartos espaçosos, ventoinhas de tecto, decoração simples mas confortável e em redor da casa, antes da vegetação, havia uma faixa larga de gravilha.
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Lembro-me que dormia no quarto com a Teresa. Hoje penso que não tinhamos sequer a noção do perigo a que nos expunhamos.
Quando o silêncio imperava, sinal de que todos dormiam, saltávamos pela janela e íamos ou para a piscina tomar banho ou então ficávamos na varanda à conversa e a fumar! Tudo isto em "cuequinhas" pois as noites eram quentes.
Lembro-me que, uma das vezes, ouvimos passos na gravilha a aproximarem-se. A cama onde a Teresa dormia, ficava encostada a uma das janelas e ainda ontem, entre gargalhadas, tentamos recordar como "voamos" literalmente, da varanda para a cama e fechamo-la tão rápido!!! Continuamos sem saber...
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Claro que já eram as 4.00h da manhã (nunca dormiamos), e lá nos juntavamos aqueles que queriam ir ver animais.
Por "picadas" (caminhos em terra batida por vezes com buracos e buracões!), entre arvoredo, aos saltos no jipe, ninguém percebia como eu mantinha a boa disposição e genica (e mal sabiam que eu e a Teresa nem tinhamos pregado olho!). Chegava a dançar!!!
O truque: aspirina com coca-cola. Dava-me uma "pica" do caraças!
Quando regressávamos a casa, aguardava-nos um magnífico pequeno-almoço, preparado e servido pelos dedicados empregados da casa de Cabo Ledo, na Reserva de Caça da Kissama, à qual o Tio Manel tinha acesso devido ao seu cargo na Petrangol.
Dormiamos então, com um olho aberto e outro fechado (!), porque antes de partir para Luanda,
queriamos ir novamente à praia e por vezes com o interesse de voltar a ver...algum oficial!
Não há Maldivas, Boracay, Puket, Kota Kina Balu,Havai, etc, (onde já tive a sorte de estar), que consigam fazer esquecer Cabo Ledo.
Por isso, o meu muito obrigado ao Tio Manel e Tia Maria Luísa, e às filhas mais novas por me terem convidado para estes momentos!
As fotografias foram tiradas do Google pois as verdadeiras foram roubadas ou queimadas por um alto dirigente cubano que usurpou a minha casa!