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quarta-feira, 28 de julho de 2010

A MENINA DA PESCADINHA


Enquanto o Vabenne regava a relva (deixando no ar um cheiro e um fresquinho delicioso!), distraidamente olhei para o que estava a dar na RTP2.

"A menina da pescadinha". Uma reportagem, onde acompanhavam a madrugada e o dia de uma vendedora ambulante de peixe.

A sra. tinha um ar simpático, descontraído e via-se que era uma mulher de armas.

Viúva, com dois filhos e já reformada, lançou mãos ao trabalho, e continuando uma tradição antiga da família, comprou um forgão e passou a vender peixe pela rua.

Acorda todos os dias às 3,00h da manhã para se dirigir ao mercado abastecedor. Como já faz isto há longos anos, conhece a maioria dos fornecedores, troca umas piadas, conta umas anedotas, refila com o custo do peixe. Às 6,00h está despachada e regressa a casa onde descansa ou vê TV.

Por volta das 9.30h, mete-se novamente na sua forgão e estaciona na rua do Almada em Lisboa (se não estou em erro). Afixa os preços numa ardósia, abre as portas traseiras e começa a sua venda. Clientes não lhe faltam, daqueles já habitués da "menina da pescadinha"! Às 15.00h dá o seu dia de labuta terminado, sem antes, lavar a banca e os expositores improvisados e o chão da forgão: a água escorregue por um tubo para a berma da rua.

Regressa a casa, deixando umas encomendas no percurso recolhendo-se para finalmente dar o seu dia por terminado e ganhar forças para o seguinte.

Admiro pessoas lutadoras, que ganham o seu salário com o seu trabalho, sou mais que a favor deste relacionamento de confiança e até amizade entre vendedor-comprador, mas pergunto:

A ASAE viu esta reportagem?
Foi constituída para quê?
Os que pagam o seu espaço no mercado municipal ou na sua loja não ficarão a perder?
Umas vezes o tradicional é turístico outras não?
Que País é este com duas medidas e dois pesos?

Depois não se esqueçam de dizer que os portugueses são uns abusadores...

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