
Estivemos 3 dias em casa dos
Monpesant, depois da saída turbulenta do restaurante
Darrouse. Eles eram amigos de um casal de agricultores e falaram em nós. Por sorte, foi o 1º ano que os D Amou aceitaram estrangeiros para a apanha de
pêssegos na sua grande propriedade! Fomos apresentados e ficamos. Dormimos, inicialmente no andar inferior onde havia um quarto e casa de banho.
Na verdade, trabalhar em restaurantes ou apanhar fruta não era
propriamente a nossa profissão e rapidamente
tornamo-nos amigos passando a ser convidados para refeições e serões no seio da família, constituída pelo casal e 4 filhos.
Nunca comi
pêssegos tão bons como em
Ville mur sur Tarne. Depois de acabada a apanha dos mesmos, fomos fazer a das maças continuando nós e um chileno, o Wagner, do grupo de estrangeiros.
Os D Amou tinham outra propriedade arrendada a um casal de italianos, os
Rinna, com um pequeno castelo que só metade era ocupada pela família. Nós com o Wagner fomos para a outra parte, totalmente
independente. Ainda estou a vê-lo à minha frente! Uma sala grande comum com lareira, e uma cozinha. Num canto arrancava umas escadarias em
semi-circulo que dava para 3 quartos e casa de banho. Todos os quartos tinham uma lareira a ocupar uma das paredes.
Fui logo apanhar flores no campo que se
espairava à frente para fazer as jarras, pus na mesa rectangular e comprida um cesto com frutas que o
Vabenne tinha comprado no
mini mercado, abri as janelas para a arejar. Havia
lençois, toalhas, colchas, sofás, cadeiras, utensílios de cozinha, enfim tudo para, depois de dar o meu jeito, se tornar num "lar doce lar". Como meio de transporte
tinhamos o nosso 2 cavalos, o "
Pampas" e emprestaram-nos bicicletas.
Recebemos os
Rinna que nos vieram dar as boas vindas e colocarem-se à disposição e eu senti, sentada tão feliz num sofá, que ira iniciar as minhas funções de dona de casa de uma maneira sumptuosa, para quem andava de mochila e a dormir, confinada a um quarto!
Que tempos
inesquecíveis que passamos aqui. Mesmo depois de terminado o trabalho dos D Amou, fomos convidados por outros agricultores amigos para outros trabalhos, mas continuamos a habitar o castelo.
Durante a semana saiamos cedo e de bicicleta
iamos os três para os trabalhos agrícolas e
vinhamos almoçar a casa sempre com o tempo contado. Regressávamos por volta das 5,00h. Envergava as saias compridas, punha um
chapeu de abas largas e dava caminhadas que me enchiam de paz, a
observar os pássaros, as plantas e s flores campestres. Por vezes ia até aos
Rinna ver a fazer massa fresca ou a colher os ovos ou a passar a revista à horta que tinham, comendo pelo percurso um belo tomate ou mastigando umas ervas aromáticas!
Depois de um vigoroso banho fazia o jantar para os 3 e terminado o mesmo,
ficavamos na cavaqueira, sempre com velas
acessas e fumando os nossos cigarros
Gitannes!!!
Eu e o
Vabenne encontravamo-nos lá devido a uma revolução que tomava contornos políticos direccionado para o comunismo e o Wagner era Secretário de Estado da Agricultura do
Allende, tinha sido preso na altura do
Pinochet e tinha fugido com a ajuda da Igreja Católica. Era um socialista
ferrenho. Fizemos um pacto: não falar de política.
Por hoje termino aqui e juro que o próximo capítulo será o final desta atribulada mas maravilhosa lua de mel!